TBT: Primeiro título esmeraldino completa 50 anos

06/10/2016

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Ainda no tempo das chuteiras pretas e dos goleiros que não usavam luvas, apenas quatro anos depois da profissionalização do futebol goiano, começou a vitoriosa trajetória do maior clube do Centro-Oeste.

Em 1966, com apenas 23 anos de fundação, o Goiás era, então, a menor das quatro equipes da capital goiana, e a única que ainda não havia conquistado um título. Na época, disputava força com os times do interior, considerados promissoras potências do Estado até a segunda metade do século XX. 

O Clube dos 33, como era conhecido o Goiás pela pequena quantidade de torcedores que tinha na época, foi motivo de piadas, até um elenco de heróis levantar, em 1966, a primeira das 26 taças que hoje fazem do Verdão o maior campeão goiano de todos os tempos.

Marcado por histórias curiosas, confusões, superstições, fé, raça e, principalmente, superação, o título de 1966 teve todas as características que uma boa disputa de futebol pode proporcionar.

Torneio da Morte

Quando se fala em superação, logo o esmeraldino se lembra de 1965. Naquele ano, o Goiás disputava o famoso Torneio da Morte, almejando fugir de um rebaixamento que poderia ter encerrado ali, apenas 22 anos depois de sua fundação, a história do clube.

Goiás e Riachuelo, donos das piores campanhas do Campeonato Goiano da temporada de 65, duelaram pela permanência na Divisão Especial. O primeiro jogo, no Estádio Olímpico, terminou em 1 a 1.

A decisão aconteceu no dia 14 de dezembro. Figura carismática, de riso fácil,e nato contador de histórias, o goleiro Joel guarda na lembrança um momento inusitado do jogo.

“Até hoje não me entra na cabeça… No primeiro tempo eu joguei do lado da (avenida) Paranaíba; e o Riachuelo, no gol da (rua) 74. E no gol de lá deu um enxame de abelha/marimbondo. O goleiro não podia ficar lá debaixo de jeito nenhum, tinha que ficar quase na marca do pênalti. E nós enfiamos cinco no Riachuelo. Eu pensava que, no segundo tempo, eu ia ter que botar um “trem” na cabeça porque os bichos iriam me pegar, e nenhum marimbondo apareceu na minha trave”, conta aos risos Joel.

Antes da partida, as duas equipes viviam um clima de instabilidade. Em 1965, eu participei de uma única partida pelo Goiás, e hoje eu diria que talvez tenha sido a partida mais importante da história do clube”, definiu o zagueiro Macalé.

Após o apito inicial, o Goiás esqueceu todas as dificuldades e mandou uma chuva de gols pra cima do Riachuelo: 5 a 1. A partir desse dia, o Goiás deu aos seus 33 torcedores o verdadeiro sentido de levar em sua camisa a cor da esperança. Já o Riachuelo desapareceu do cenário futebolístico.

“Se o Goiás perdesse, eu tenho certeza, poderia até surgir uma outra equipe com essa linha do Goiás, mas o Goiás Esporte Clube teria desaparecido”, complementou o grande ídolo esmeraldino, Macalé, que fez, justamente no Torneio da Morte, a sua estreia pela equipe profissional esmeraldina.

Campeonato Goiano de 1966

Mantendo a mesma base da equipe que se salvou no ano anterior, o Goiás foi para a disputa do estadual de 1966 desacreditado perante seus fortes adversários. A equipe esmeraldina já iniciou a competição com uma derrota para o Anápolis, campeão do torneio do ano anterior. Mal sabiam os oponentes, e até mesmo o próprio Goiás, que aquela seria a única derrota do time na competição que terminou com o primeiro título de sua história.

Sob o comando do saudoso técnico Paulo Lázaro, o Goiás de 66 realizou uma excelente campanha, chegando a uma decisão que marcaria também o início de uma das maiores rivalidades do futebol goiano: Goiás e Vila Nova foram os responsáveis pelo desfecho do torneio daquele ano; e o Estádio Olímpico Pedro Ludovico Teixeira, o palco principal.

Segundo o meia Índio, até o próprio técnico ficou confuso com aquela final. “No dia da decisão, o Paulo Lazaro ficou doidinho, não sabia se escalava o Afonsinho ou se escalava o Marrom, que era quase o artilheiro do campeonato. O Afonsinho vinha subindo bem e fazendo gol. O Paulo ficou doidinho e aí veio me falar. Sabe o que eu fiz? Eu era capitão do time e chamei o dois. Bati um longo papo com eles e falei pro Lázaro que o Marrom ia começar jogando. E ele ainda fez gol”, conta o capitão de 66 com carinho e as melhores lembranças do torneio e dos amigos.

A partida

Pode-se dizer que Goiânia, naquele dia 2 de outubro de 1966, parou para ver o clássico das duas melhores equipes da capital. A partida foi comandada pelo árbitro goiano, Urias Crescente, que também destaca trechos daquela final.

“Naquela época, Goiânia tinha 300 mil habitantes e, dizem as estatísticas, que tinham mais de 20 mil pessoas naquele jogo, parte sentada e a outra em pé. Foi um jogo muito bom, me lembro disso, eu trabalhei nele, e o Goiás tinha uma equipe muito boa, uma defesa bem consistente e tinha uma linha muito rápida. Me lembro com saudade disso, foi um futebol muito bom, muito disputado”, conta o senhor Urias sentado na arquibancada no Novo Estádio Olímpico, relembrando o que de mais importante aconteceu naquele torneio.

A inesquecível partida terminou 4 a 2 para a equipe esmeraldina. A partir daquele momento, o Clube dos 33 ganhava um novo patamar. Aquela, que era a quarta equipe do futebol goianiense, tornar-se-ia a maior força do Centro-Oeste com um total de 26 títulos estaduais, o último deles conquistado em 2016, 50 anos após a primeira conquista.

FICHA TÉCNICA

Goiás 4 x 2 Vila Nova
Data: 02/10/1966
Local: Estádio Olímpico Pedro Ludovico
Árbitro: Urias Crescente Alves Júnior
Auxiliares: Otoniel de Souza Diniz e José Muniz Brandão
Renda: Cr$ 3 milhões, 500 mil e 700
Marcadores: Baltazar aos 10, Sinval aos 15 e Ney aos 31 do 1º tempo; Marrom aos 4, Altamiro (contra) aos 7 e Celso aos 32 do 2º tempo.
Goiás: Joel; Baltazar, Macalé, Japonês e Dias; Pacuzinho e Índio; Eurípedes, Sinval, Marron e Paulinho Dantas.
Técnico: Paulo Lázaro.

Promessa

Conquistar um título após uma campanha que quase resultou no rebaixamento da equipe parecia tão improvável que os dirigentes apelaram para a ajuda divina. Cumprindo uma promessa do então presidente Aderbal Amaral Muniz, os jogadores saíram do estádio, acompanhados de membros da diretoria e da comissão técnica, e foram a pé até Trindade, considerada a cidade da fé. Alguns, segundo relatos dos próprios atletas, chegaram a cair no caminho, com câimbras, mas a promessa foi cumprida e a taça, erguida.

Documentário

Para relembrar o feito, a equipe da TV Goiás buscou alguns personagens que fizeram parte da história do Campeonato Goiano de 1966. O goleiro Joel, o zagueiro Macalé e o meia e capitão Índio, além do árbitro Urias Crescente, deram seus depoimentos e ajudaram a compor um documentário especial sobre a primeira conquista esmeraldina.

Para acompanhar a produção, é só acessar o canal da TV Goiás no YouTube ou ficar ligado no Canal Premiere.

Confira os horários (PFC):

Quinta-feira, 06/10, às 23h;
Sexta-feira, 07/10, às 19h30 e às 22h30;
Segunda-feira, 10/10, às 9h45 e às 14h45.

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